Tanuki Indica: O Belo Jogo.

Se tem algo que eu amo de paixão e não nego, é uma boa partida de futebol. Estamos falando de um esporte que tem a capacidade de unir pessoas do mundo inteiro, que pode acontecer entre amigos em uma quadra de areia na esquina de casa, entre profissionais, e tem inúmeras histórias de ouro para contar e contar.

O Belo Jogo (The Beautiful Game) é uma dessas histórias de ouro que ninguém realmente ouve, pois ela nos apresenta personagens cativantes, baseados em histórias reais e que vemos diariamente, sem nunca nos perguntarmos, qual é essa história? O filme foi um dos achadinhos que não esperavámos topar enquanto minha avó e eu, procurávamos algo pra ocupar um domingo chato.

Conhecemos Vinny (Michael Ward), um rapaz que assiste uma partida aleatória com atenção e empolgação, até que decide brincar um pouco com a bola e mostrar o quanto ele é talentoso com a bola, o suposto técnico do grupo se aproxima de Vinny e o convida para jogar com eles em uma copa do mundo, ao qual Vinny não entende a princípio, e durante um almoço, compreendemos que os personagens do time são todos sem-tetos. Sim, é a copa do mundo dos jogadores sem teto, e que sim, é uma copa real que dá a chance de diversas pessoas saírem do anonimato para representar seu país, naquilo que é a maior proposta de qualquer esporte: a união.

Vinny nega, pois ele não é um sem-teto, pelo menos, não na sua cabeça. Divorciado, pai de uma filha pequena, com inúmeros problemas financeiros Vinny tem dormido no seu carro enquanto procura meios de colocar sua vida de volta nos trilhos. Oficialmente é um personagem detestável, se o foco do filme fosse somente ele, eu confesso que teria desistido. Vinny é orgulhoso, não aceita a condição que se encontra, e por isso se sente superior a seus colegas, que depois de uma certa insistência e um surto de ego, decide participar da copa, que ocorreria naquele ano em Roma.

Dentre seus colegas de time, temos Nathan (Callum Scott Howells), um menino adorável que sonha em voltar para casa, não é spoiler nenhum dizer que Nathan é um ex-viciado, devido seu comportamento meio lento, relacionado diretamente ao uso de metadona para se recuperar, e que se torna fã incontestável de Vinny pois além de admiração, vê uma amizade que é uma mão única. Porém, todos os colegas de time de Vinny possuem suas trajetórias de como se tornaram quem são, e todos são fantásticos a seu modo, quero deixar como destaque aqui o personagem Alder, um refugiado de guerra, dono de uma mente genial, que traz os melhores momentos do time.

Mas lógico nem só da seleção da Inglaterra é feita uma copa do mundo, e aí que encontramos mais uma leva de personagens carismáticos, como os EUA, que levou uma seleção composta somente por mulheres, o Japão, com uma seleção de idosos (eu te desafio assistir esse filme e não sair apaixonado por eles!), e claro a África do Sul, que trouxe a melhor personagem do filme, Irmã Protasia, a melhor cristã que já existiu numa mídia, e tenho certeza que ela foi uma personagem inspirada em uma história real, a Freira faz de tudo e mais um pouco para garantir que a seleção consiga chegar até Roma, que passa por inúmeros empecilhos, mas que ao chegar, transformam o evento naquilo que sempre deveria ser: uma grande festa.

Minha única critica para o filme foi o foco em poucas seleção, afinal era um filme, não uma série, mas com certeza a ausência de foco no Brasil me incomodou um pouco, pois claro, fui pesquisar a respeito da copa dos Sem-Teto, e adivinhe qual país detém o maior numero de pódios? Isso mesmo, BRASIL, óbvio.

Mas lógico que temos muito mais do que esse humilde resumo, pois estou evitando spoilers ao máximo, afinal temos todo um aprofundamento no técnico Mal, interpretado magistralmente por Bill Nighy, toda a evolução de Vinny e seus colegas, além de cenas belíssimas da cidade sede e de copas anteriores, é um filme que podemos ver que foi feito com muito carinho para trazer nossa atenção a esses brilhantes jogadores do anonimato.

Disponível em: Netflix.